Resenha publicada no blog Sonhos de Reflexão
Este é o primeiro romance da autora que leio, com 358 páginas, que permeará a minha mente por muito tempo, porque a trama é contemporânea e ambientada na Carolina do Sul, na cidadezinha conservadora de Chilton, intercalando momentos atuais com flashbacks do passado onde os personagens Elizabeth e Justin trilharam um caminho árduo em nome do amor.
“Quando ele disse que era para sempre, ela acreditou e nunca perdeu a fé em seu amor.”
Juntos há mais de sessenta anos relembram as reminiscências de outrora, desde que se conheceram na infância narradas em um diário.
Desde os seis anos, estavam predestinados um ao outro. À primeira vista, sentiram-se como se já se conhecessem. Os laços de amizade vão se estreitando surgindo novos sentimentos onde descobrirão os mistérios e as descobertas alarmantes do primeiro amor enveredando pelo caminho da paixão.
“Aquele foi o nosso primeiro e glorioso beijo. Sentia meu corpo leve, flutuando em um estado completamente encantado com o toque, o gosto do sorvete, o prazer dos movimentos, o alvoroço das minhas borboletas.”
Pág. 64
Ela era tímida e carente de carinho e afeição. Com seu jeitinho meigo e cativante, ele tornou-se um anjo da guarda em sua vida desde o primeiro momento e tornaram-se amigos inseparáveis. Enquanto ele vinha de uma família tradicional, ela vinha de uma desestruturada.
Lizzy era pobre e tratada com indiferença pelos pais que a culpavam pelos seus infortúnios, o que a magoava e sentia-se miserável por existir, mas devido a isso se tornou uma pessoa forte.
Sua mãe trabalhava para sustentá-la, porque seu pai era um bêbado, inconsequente e um quebra-galho, que tinha prazer em humilhá-las. Via em Vanessa, a mãe de Justin, uma segunda mãe, já que a sua era uma pessoa amargurada que escolheu o homem errado e pagou muito caro por isso. Mesmo assim tinha orgulho dela ser uma guerreira e vergonha do pai, que sempre a deixou inferiorizada.
Levava uma vida deprimida e infeliz, como também repleta de recriminações e vigilâncias. Sofria bullying na escola por levar uma vida simples e honesta, mas Justin nunca fez distinção de sua classe social por ser benevolente. Por isso, aprendeu muito com a família dele sobre o significado da religião e a ter fé, a perseverar no amor e acreditar no ser humano.
- (...). Sem fé as pessoas não conseguem persistir, porque não acreditam que vai dar certo. Só tenha fé em seu coração e acredite.
Pág. 26
Ao contrário dela, Justin teve uma educação primorosa e levava uma vida correta de acordo com os preceitos morais impostos pela sociedade.
Sempre foram cúmplices nas traquinagens, companheiros e amigos que se completavam em todos os sentidos, além de serem impulsivos.
Ele era um garotinho valente que a protegeu de tudo e de todos. Os dois são encantadores com sua meiguice e ingenuidade em meio a essa doce descoberta do amor, porque possuem uma mente fértil e fantasiosa acerca do futuro. Devido às circunstâncias do destino são separados por uma década, onde Lizzy acaba adoecendo de saudade porque sem Justin sua vida perde todo o sentido.
A ideia de perder Justin era por demais dolorosa. E se? E se? Se o para sempre não fosse como nos contos de fada? Se meu príncipe virasse sapo? Se ele encontrasse outra princesa? Se fosse embora? Se não me amasse mais?
Pág. 66
Um dia, uma grande reviravolta muda irremediavelmente o curso de suas vidas para sempre.
- Amo-a tanto que chega a me doer. Achei que nunca mais a veria e a vida não tinha graça, luz e nada fazia muito sentido. Eu apenas seguia, dia após dia, empurrando a vida como dava.
Pág. 207
Eles amavam-se incondicionalmente, mas a imagem de outrora não condizia com a realidade. Apesar de serem racionais e sensatos, algumas decisões imaturas afetarão drasticamente suas vidas.
Em meio às decisões, escolhas, mágoas, descobertas, crescimento, autoconhecimento e amadurecimento, será que o amor, presente em cada página, sobreviverá a brigas, ciúmes, traições e rompimentos?
- Nunca mais dirija a palavra! Entendeu! Você não sabe nada da minha vida! (...). Se estou aqui, é porque sou uma vencedora. Eu trabalho muito para conseguir sobreviver. Você não faz ideia do que é dormir sem ter o que comer, de não ter dinheiro para lavar as roupas e de não poder se dar ao luxo de comprar um doce de vez em quando. Você é mais um filhinho de papai de merda, que vive à custa de mesada e fica desfilando com carro de luxo, esbanjando o dinheiro dos seus pais.
Pág. 121
O livro foi inspirado na música “Por Enquanto”, interpretada pela Cássia Eller, e no romance “Diário de uma Paixão”, do Nicholas Sparks, no momento atual, cuja narrativa é em primeira pessoa sob a perspectiva de Lizzy.
O enredo é clichê e previsível, mas desde o princípio sabemos qual o desfecho, o que não é nenhuma surpresa, porque esta era a intenção da autora por não querer dar falsas esperanças ao leitor, mas mesmo assim torcemos pelo final feliz do casal, que amadurecem juntos em meio aos percalços do destino enfrentando todas as adversidades.
A capa ficou sensacional e reflete exatamente o romance do livro. A diagramação está ótima, mas infelizmente a revisão deixou a desejar e muito com evidentes erros gramaticais, ortográficos e tipográficos, que poderiam ser evitados com um bom trabalho de revisão! Lamentei demais, porque o enredo é sensacional e este fato acabou prejudicando a história, mas quero deixar claro que a autora já estava ciente disso e pedirá uma nova revisão.
Glaucia escreve de forma clara e singela, o que torna a narrativa agradável e envolvente desde o princípio, onde você visualiza cada momento dramático, tenso, terno, divertido e comovente de forma tão vívida o que torna tudo muito real e, ao mesmo tempo, pungente. Até agora o enredo, intercalado no passado e no presente, permeia minha mente, porque conseguiu me emocionar em todos os sentidos, porque não têm como você não se identificar com os dramas familiares e as situações vividas pelos personagens que tem um jeito peculiar de ser.
Lizzy era muito insegura e vivia perdendo o controle por causa de Justin. O que me enervou em vários momentos, onde tive vontade de dar umas sacudidas nela, era que mesmo revoltada se rendia aos seus encantos e cedia facilmente às atitudes levianas perdoando-o como se nada tivesse acontecido. (Mesmo com seu charme, eu resistiria bravamente! Se vocês vissem minha reação quando a via chorando pelos cantos... Queria matar o Justin! Ele conseguiu me tirar do sério!) Mesmo amando uma pessoa, nós temos que impor limites e respeito! Apesar de alguns momentos de infantilidade e imaturidade, felizmente, vemos o crescimento dos personagens.
Apesar da insegurança, ela sempre foi uma pessoa forte, corajosa e perseverante em busca dos seus sonhos. Passou por tantas dificuldades que por diversas vezes teve sua fé abalada, já que se machucou muito por se sentir frustrada, vazia, fragilizada e desprotegida, sem forças para lutar. Mesmo assim sente nostalgia dos momentos que viveu.
“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.”
Pág. 354
Jony era uma criança precoce, inteligente, amável, extrovertida e esperta, negligenciada pelos pais que mimam e sufocam Justin, que sempre teve o que quis. Independente para a idade, ele é tão espontâneo que acaba sendo o humor do livro que desanuvia os momentos tensos, já que sempre chocou para chamar a atenção do pai intolerante e intransigente. No fundo, era alguém que ansiava por carinho e proteção.
Melissa era irritante, persuasiva, dissimulada, superficial e persistente. Manipuladora e cruel. Teve momentos em que queria trucidá-la, porque infernizou a vida deles. Pobre, Lizzy! Nesses momentos, lembrei-me das novelas mexicanas onde as mocinhas sofriam horrores antes de serem felizes.
O livro aborda muitas questões familiares importantes, falta de diálogo, rupturas, escolha profissional, gravidez na adolescência, adoção, bullying, violência doméstica, alcoolismo, além da obstinação e os valores familiares em várias passagens da infância até a velhice, como também mostra lições de amor, perdão, perseverança e fé.
Você tem que amar, perdoar e ser perdoado quando ainda há vida. Não deixar o orgulho, ressentimento e crises familiares impedirem de fazer isso é o mais importante. Um dia seus pais e seus irmãos não estarão mais lá e o arrependimento vai lhe acompanhar pelo resto da vida.
Pág. 276
Digo a vocês que a vida é curta! Viva intensamente cada instante como se fosse o último!
Como viram, tive um turbilhão de emoções ao longo da leitura, porque é um romance para se devorar aos poucos curtindo cada passagem da vida dos personagens. Se você é fã do Nicholas Sparks, já sabe o que esperar desse enredo nacional maravilhoso que me arrancou muitas lágrimas. Recomendo!
Publicada em: http://sonhodereflexao.blogspot.com.br/2012/09/para-sempre-glaucia-santos.html